Excetuado o breve (mas, para o setor, incisivo) desvio de rota ocorrido na fase mais crítica do isolamento social imposto pela Covid-19, o frango vivo registra no ano comportamento muito idêntico ao de sua curva sazonal. E, ao contrário do observado um ano atrás – ocasião em que os preços permaneceram baixos e praticamente estáveis por todo o quadrimestre final do exercício – experimenta agora forte valorização.
Não se conclua, porém, que isso corresponda a grandes ganhos: o que ocorre é, apenas, a recuperação das perdas acumuladas na primeira metade do ano. Recuperação, entenda-se, em comparação à curva sazonal, não em relação aos ganhos econômicos.
Rememorando, nos seis meses iniciais de 2020 em apenas uma ocasião (junho) o valor médio registrado superou o da curva sazonal. Resultado: o preço médio do semestre ficou quase 3% aquém do apontado pela curva sazonal.
Já a partir de julho e especialmente em outubro e novembro corrente, os valores registrados distanciam-se da curva sazonal, alcançando em cinco meses (dados preliminares para corrente) valor médio quase 12 pontos percentuais superior ao da média sazonal.
Em novembro corrente o frango vivo tende a atingir valor quase 39% superior ao de um ano atrás, o que dá a impressão de grandes ganhos. No entanto, o acumulado nestes últimos 11 últimos meses não foge muito ao padrão: pela curva sazonal, o frango vivo registraria, a esta altura do ano, valor médio 6,29% superior à média registrada em 2019. Mas, na prática, seu ganho é de 10,52%, o que significa estar não mais que 4,23 pontos percentuais acima da curva sazonal.
Em suma, o mercado é favorável e os preços alcançados refletem essa situação, o que – considerado especialmente o ano pandêmico – poderia ser encarado como um desempenho ótimo para o setor. Mas os custos de produção enfrentados põem tudo a perder.