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Seca ameaça expectativa de supersafra de açúcar no Brasil

Traders que esperam uma safra gigante de açúcar no Brasil podem ficar desapontados, pois o tempo seco ameaça a produtividade do maior produtor mundial da commodity.

Não há previsão de fortes chuvas no Centro-Sul nos próximos dois meses. O bom volume de chuvas previsto para meados desta semana pode não beneficiar áreas secas do norte de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, de acordo com a Somar Meteorologia. Grandes áreas canavieiras do Centro-Sul registraram apenas metade da chuva esperada entre março e julho, segundo a Somar.

“Depois disso, chuvas intensas nos canaviais são esperadas apenas em outubro, enquanto precipitações isoladas e irregulares poderiam ocorrer em setembro”, disse o meteorologista da Somar, Celso Oliveira.

O clima quente tem ajudado a acelerar a colheita e a aumentar o conteúdo de sacarose da cana. Esse fator, combinado com uma colheita focada em canaviais mais jovens, tem contribuído para mitigar o impacto do tempo seco na produtividade.

Mas especialistas alertam que previsões de seca prolongada, juntamente com cana mais velha sendo esmagada na segunda metade da safra, podem reduzir a oferta e minar as expectativas de uma supersafra, que contribuíram para reverter as projeções para o mercado mundial em 2021, que por enquanto apontam superávit.

As expectativas de safra menor no Brasil chegam em um momento em que as perspectivas de oferta de outros produtores importantes são mais incertas, incluindo Tailândia e Europa, e quando a sólida demanda de importação da Ásia ajuda a impulsionar os preços para o maior nível em cinco meses.

O clima seco que afeta as perspectivas para a produtividade no Centro-Sul também pode ter impacto na colheita do próximo ano, disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues. De acordo com ele, o plantio de inverno em julho e agosto deve cair 30% em relação ao ano anterior.

“Por enquanto, o teor de açúcar na cana é bom, compensando a queda da produtividade e limitando o impacto para o fornecimento de açúcar”, disse o responsável por açúcar da StoneX no Brasil, Bruno Lima, que prevê produção nacional de 37,4 milhões de toneladas em 2020/21. “Mas, se não houver chuvas, podemos ver algum impacto limitado para esta safra e na próxima temporada”.

Por Fabiana Batista e Manisha Jha

Fonte: Bloomberg

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