Ontem (10), o frango vivo disponibilizado em Minas Gerais obteve reajuste de cinco centavos, sendo negociado por R$3,95/kg, valor que, nominalmente, corresponde a um novo recorde do setor – recorde, aliás, que foi sendo superado quase uma dezena de vezes nos últimos 60 dias e que ainda não dá sinais de esgotamento.
Em outras palavras, o simples fato de a primeira grande data passível de comemoração no Brasil pandêmico – o Dia dos Pais – ter sido antecedida pelo afrouxamento do isolamento social e vir acompanhada de retomada parcial de diversos setores da economia deu novo alento ao consumo, e, por decorrência, também ao mercado de aves vivas que, por sinal, vinha tendo oferta extremamente ajustada à demanda, sem os excedentes acumulados cerca de 2-3 meses atrás.
Em suma, pois, novos ajustes estão por vir e devem ser acompanhados por São Paulo onde, ontem, o frango vivo completou exatas três semanas com o preço estável em R$3,90/kg.
Aos valores atuais, Minas Gerais registra variação mensal de 6,76% e São Paulo de 8,33%. Já em relação às cotações registradas há um ano, em 10 de agosto de 2019, o ganho mineiro é de 16,18% e o paulista de 18,18%. Por fim, comparativamente aos valores alcançados no fechamento de 2019 (com São Paulo operando e R$3,20/kg e Minas Gerais a R$3,50/kg, diferença a mais de 30 centavos), a cotação atual representa valorização nominal de, respectivamente, 21,88% e 12,86%.
Mais impactantes, porém, são as variações registradas em comparação aos preços praticados 90 dias atrás, em 10 de maio de 2020, momento em que o setor conviveu com uma das menores remunerações dos últimos anos . Pois, desde então, a variação positiva supera os 34% para os produtores paulistas e chega a 36% para os mineiros.
É interessante observar, porém, que esse desempenho está relacionado a pelo menos quatro fatores. O primeiro, a chegada do período de entressafra das carnes; o segundo, o aumento de demanda no mercado internacional; o terceiro, a retomada interna das atividades econômicas; o quarto – e talvez o principal fator de recuperação econômica da atividade – a redução de produção forçada pela desesperadora situação enfrentada 90-120 dias atrás(baixos preços, altos custos). Não fosse tal redução é provável que os outros três fatores teriam impacto bem menor na rentabilidade do setor.