Até o momento, nenhuma usina brasileira está utilizando a variedade para a produção do adoçante – mas isto pode mudar em breve
Em março de 2018, a Health Canada foi uma das primeiras autoridades nacionais a aprovar o uso da cana geneticamente modificada para a produção de açúcar. Ainda assim, o uso da matéria-prima está sendo questionado por refinarias locais.
Segundo uma reportagem publicada no Valor Econômico, há uma resistência por parte de algumas empresas canadenses – e a exigência pode começar a aparecer nos contratos de exportação para o país.
De acordo com uma fonte consultada, as usinas brasileiras estão aceitando a exigência, pois ainda não produzem açúcar de cana transgênica. Entretanto, no futuro, poderá haver um custo adicional para a segregação do produto e para a comprovação de origem.
Embora a cana transgênica já esteja no campo, o Centro de Tecnologia Canavieiera (CTC) – responsável pelo desenvolvimento das duas variedades aprovadas para uso comercial –, afirma que as plantas ainda estão sendo semeadas para serem replicadas.
Brasil é contra a rotulagem
Em entrevista ao Valor, o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, disse não ter conhecimento de vetos ao açúcar de cana transgênica. “Açúcar é uma substância pura, não tem traços genéticos. Então não tem traços de transgenia”, relata.
Por conta disso, Gussi defende não ser preciso um rótulo nas embalagens de açúcar que identifique a origem do produto como sendo de cana transgênica. De acordo com a reportagem, a posição é compartilhada pelo governo, embora a rotulagem seja obrigatória em outras cadeias produtivas, como a soja.
Em janeiro, as usinas padronizaram um documento que poderá ser enviado a compradores. No texto, elas citam um parecer da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que atesta que o açúcar “não é um organismo geneticamente modificado e nem um derivado deste”.
“As usinas sabem que este mercado é competitivo e que sempre querem colocar barreiras, então estão se precavendo”, afirmou o coordenador de agroenergia do Ministério da Agricultura, Cid Caldas.
Demanda internacional
Ainda assim, no mercado internacional, já existe uma demanda por açúcar feito de matérias-primas não transgênicas. Isto ocorre por conta das beterrabas geneticamente modificadas: nos Estados Unidos, praticamente toda beterraba cultivada pela indústria açucareira possui modificação genética para garantir tolerância ao herbicida glifosato.
Segundo a apuração realizada pelo Valor, a expansão da beterraba transgênica nos Estados Unidos levou algumas indústrias de alimentos a buscarem açúcar feito de matérias-primas sem modificação genética, o que criou um nicho de mercado.
De acordo com a reportagem, a trading CSC Sugar foi uma das que se especializaram nesse nicho. Para isso, a companhia passou a trabalhar apenas com açúcar feito de cana.
Para a diretora de marketing e sustentabilidade da CSC Sugar, Diane Stevenson, a relação com o Brasil pode mudar com o avanço da cana transgênica. “Se não for criado um certificado para garantir essa demanda, é menos provável comprarmos açúcar do Brasil, porque é muito difícil separar os açúcares”, disse.
Fonte: novaCana.com
Com informações do Valor Econômico