BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) – O Tesouro Nacional emitiu 3,5 bilhões de dólares no mercado externo nesta quarta-feira, sua primeira incursão do tipo desde novembro e que contou com forte demanda, levando as taxas de retorno para baixo do inicialmente estimado.
Foram emitidos dois papéis novos: 1,25 bilhão de dólares em títulos de cinco anos, com vencimento em 2025 (Global 2025) e taxa de retorno de 3%, e 2,25 bilhões de dólares em papéis de 10 anos, com vencimento em 2030 (Global 2030) e retorno de 4%.
As indicações iniciais para as tranches eram de retorno de 3,5% e de 4,6%, respectivamente, segundo o IFR, serviço de informações financeiras da Refinitiv, mas a forte demanda pelos títulos levou as taxas para baixo.
“A operação realmente foi um sucesso muito grande, o dia foi muito favorável”, afirmou um técnico do Tesouro, que pediu para não ser identificado, em comentário divulgado à imprensa. Ele destacou que o interesse dos investidores seguiu inabalado ao longo da operação, mesmo após a redução das taxas.
Mais cedo, o Tesouro já havia dito que o objetivo da operação era dar continuidade à estratégia de promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo, e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira.
À noite, o Tesouro informou que o Global 2025 foi emitido com cupom de juros de 2,875% ao ano e um spread de 263,1 pontos-base acima da Treasury, título do Tesouro norte-americano, além de preço de 99,425% do seu valor de face.
Já o Global 2030 saiu com cupom de juros de 3,875% ao ano, spread de 324,3 pontos-base acima da Treasury e preço de 98,977% do seu valor de face.
A emissão foi liderada pelos bancos Bank of America, Deutsche Bank, Itaú BBA e JP Morgan.
A última emissão externa havia sido feita pelo país em novembro de 2019, quando o Tesouro anunciou o lançamento do novo título Global 2050, com o qual levantou aproximadamente 2,5 bilhões de dólares, e a reabertura do Global 2029, no valor de 500 milhões de dólares.
Na época, o custo de proteção contra calote da dívida brasileira, medido por Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos, estava em torno de 113 pontos básicos. Com a crise do coronavírus e seus desdobramentos sobre a economia, essa medida mais do que dobrou nos últimos meses, a 219 pontos nesta quarta-feira, embora tenha cedido em relação a picos no ano vistos em março.
Outros países da região já vinham acessando o mercado externo. Em abril, a emissão total da América Latina quadruplicou, para 16,5 bilhões de dólares, com governos e empresas correndo para fortalecer seus caixas contra a pandemia.
Chile, México, Guatemala, Paraguai, Panamá e Peru emitiram bônus soberanos, mesmo com custos mais altos.
No fim de março, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, havia afirmado que emissões externas estavam sempre no radar, mas que esta ainda não era medida para aquele momento.
Fonte: Reuters