O Brasil deverá colher 101,1 milhões de toneladas de milho na temporada 2019/20, redução de 1,37% ante o recorde de 102,5 milhões da temporada passada, com a segunda safra sendo afetada por problemas climáticos, estimou nesta quinta-feira a Agroconsult.
A colheita de milho segunda safra deve alcançar 72,9 milhões de toneladas, apontou a consultoria ao divulgar informações do Rally da Safra, indicando recuo de 4,5% na comparação anual.
“O plantio atrasou em Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, empurrando o desenvolvimento de uma parcela significativa das lavouras para um calendário de maior risco climático”, informou a consultoria.
Isso contribuiu para perdas de produtividade nessas regiões, afetadas também pelo baixo volume de chuva em abril, período em que boa parcela das lavouras passava pelo estágio crítico de pendoamento.
Desta forma, a produtividade média para a segunda safra ficou em 91,7 sacas por hectare ante 101 sacas por hectare registrada no ciclo de 2018/19.
Nos principais Estados produtores, Mato Grosso foi destaque com rendimento de 108,5 sacas por hectare, queda ante as 112,5 sacas obtidas em 2018/19, porém um desempenho ainda considerado positivo pela Agroconsult.
Já no Paraná, uma das regiões mais afetadas pela seca, a produtividade caiu 22,1 sacas por hectare no comparativo anual, para 78 sacas por hectare.
Os resultados poderiam ter sido melhores, não fosse a falta de chuva que atingiu importantes áreas.
“Os bons preços do milho e o histórico de excelentes resultados nas safras recentes estimularam uma expansão de 5,2% na área plantada, que chegou a 13,3 milhões de hectares”, destacou a consultoria.
Considerando somente o aumento de área e o nível de tecnologia utilizada, o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, disse que a segunda safra tinha potencial para 80 milhões de toneladas.
Em maio, a Agroconsult havia estimado a segunda safra em 71,7 milhões de toneladas.
No entanto, chuvas ocorridas entre maio e junho salvaram muitas lavouras. “(Veio) um cenário (de clima) positivo e que ajudou muito na revisão dos nossos dados”, afirmou.
Daqui para frente, as atenções do mercado devem se voltar para a colheita, que segue com grande atraso em relação à safra passada.
Debastiani ressaltou que quase 50% dos trabalhos ainda serão realizados entre agosto e setembro. No ciclo anterior, este percentual superava levemente os 20%. “Quanto mais longínqua fica essa colheita, mas sujeita a intempéries climáticas”, alertou.
Por enquanto, os modelos climáticos disponíveis não indicam ocorrências de geadas, mas caso ocorram, a possibilidade de perdas é de até 2 milhões de toneladas na produção da safrinha.
Preços e estoques
Com base no elevado patamar de câmbio atingido nos últimos meses e na ampla comercialização antecipada de milho, o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa, acredita que os preços do cereal serão mantidos em patamares “muito razoáveis” para os produtores brasileiros.
“Tem relativamente pouco estoque de milho disponível para atender a demanda externa e interna. Não vai faltar oferta para abastecer o país, mas também não é um estoque tão alto a ponto de pressionar os preços domésticos”, afirmou.
Para ele, o principal efeito da pandemia do novo coronavírus foi sentido nas cotações internacionais, devido ao recuo na demanda norte-americana para produção de etanol.
“(Internamente) a questão do câmbio amorteceu o impacto internacional. Vamos sentir muito menos os efeitos da pandemia no mercado de milho, em relação aos nossos concorrentes, principalmente os americanos”, completa.
Por Nayara Figueiredo
Fonte: Reuters