Sindicato aeroagrícola teve encontros nesta sexta com entidades e especialistas, amanhã conversas com empresas de aviação na fronteira e, no dia 2, com entidades da Argentina e Uruguai, enquanto participada elaboração de um plano nacional contra a praga
A emergência pela presença de uma gigantesca nuvem e gafanhotos na região argentina próxima à fronteira com o Rio Grande do Sul foi tema de três videoconferências nesta sexta-feira (26). Os encontros abrangeram diretores do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) e mais de 60 técnicos, pesquisadores e dirigentes de 30 entidades lidadas ao agro, de 17 Estados, além de autoridades do federais. O objetivo foi avaliar a situação atual do problema e definir próximos os próximos passos na elaboração de um protocolo nacional de combate a gafanhotos. O Sindag terá ainda outras duas reuniões sobre o tema, na manhã deste sábado (27) e o próximo dia 2 de julho.
Segundo informações do Serviço Nacional de Segurança e Qualidade Alimentar da Argentina (Senasa), na sexta-feira a nuvem de gafanhotos pousou na região de Sauce, na província de Corrientes. A atenção agora está sobre os ventos na região e a chegada do frio junto à fronteira brasileira, que podem impedir a nuvem de entrar no País.
A conversa de amanhã será com as três empresas aeroagrícolas situadas na região de Uruguaiana – na fronteira gaúcha com Argentina e Uruguai. Já no dia 2 de julho, a conversa será com dirigentes das associações de aviação agrícola dos dois países vizinhos ao Estado. “No sábado, vamos conversar com as associadas sobre as informações da fronteira e a estrutura deles para uma eventual operação, além de repassar as informações das reuniões desta sexta”, explica o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle. Já o encontro de julho será com representantes dos ministérios da Agricultura dos três países e dirigentes das entidades de aviação agrícola da Argentina e Uruguai. “O foco será uma avaliação da crise e a costura de futuras ações conjuntas.”
RODADAS TÉCNICAS
Nesta sexta, a primeira reunião, no final da manhã, foi promovida pelo Sindag e envolveu representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), secretarias estaduais de agricultura e associações de produtores. O encontro via web teve mais de 60 pesquisadores, técnicos e dirigentes de 30 entidades, de 17 Estados. “A pauta foi no sentido de nivelarmos as informações e esclarecermos dúvidas de autoridades e dirigentes, principalmente nos órgãos federais e dos Estados de outras regiões”, explica o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva.
O Sindag dividiu com o grupo informações trocadas com as entidades aeroagrícolas da Argentina sobre o monitoramento do lado de lá da fronteira. Além disso, o próprio fiscal agropecuário da Secretaria de Agricultura gaúcha Juliano Ritter, encarregado do monitoramento na fronteira do Estado, repassou ao grupo as informações mais recentes. Ele explicou que as condições climáticas no Sul no início desta sexta diminuíam as chances dos insetos entrarem no Brasil. “Mas seguimos monitorando 300 quilômetros de fronteira a partir da Barra do Quaraí (no extremo oeste gaúcho)”, completou.
O entomologista e pesquisador da Universidade de Cruz Alta (Unicruz) Maurício Pasini explicou o comportamento dos insetos e os fatores que fazem a nuvem se formar e se locomover tão longe com tanta voracidade (a nuvem vem sendo monitorada desde maio por autoridades argentinas e já tinha percorrido mais de 1 mil quilômetros). Pasini integra o time de quatro especialistas (doutores) das áreas de Entomologia e Agronomia (envolvendo tecnologias de aplicação, biologia e fisiologia), que participam da equipe do Sindag na elaboração do plano Mapa contra gafanhotos.
O entomologista falou também na reunião seguinte, que, além dos dirigentes do Sindag e dos especialistas da entidade, envolveu ainda o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Mapa, Bruno Breitenbach, a chefe da Divisão de Aviação Agrícola do órgão, Uéllen Colatto e outros técnicos. A reunião foi promovida pelo senador Luis Carlos Heinze, que está acompanhando de perto a questão.
Os especialistas do grupo da aviação agrícola tiveram na sexta ainda uma terceira reunião com o Sindag. Desta vez, para ajustar o esboço da parte do setor aeroagrícola para o plano de ação contra gafanhotos, que será entregue semana que vem ao Mapa. “Esse plano será um legado importante para a agricultura brasileira”, salientou o presidente Thiago Magalhães. “Embora estivéssemos prontos para agir na emergência, essa crise mostrou que tínhamos uma lacuna importante ainda aberta sobre protocolos, rede de apoio, produtos e outros aspectos. Resolvendo isso seremos mais eficientes desde o monitoramento até as ações em campo”, completou Magalhães.
Fonte: SINDAG