Andy Duff, especialista do banco, trata de temas como preços de açúcar e de etanol, além da possibilidade de ajuda vinda do governo
No setor de açúcar e etanol, usualmente, a venda de um dos produtos é mais rentável que a comercialização do outro – uma característica útil quando um deles sofre uma queda de preços no mercado. Na temporada passada, o combustível renovável se destacou; na atual, o adoçante parecia tomar a frente.
Entretanto, o atual cenário de crise demostra que o retorno financeiro das usinas pode depender de mais um elemento. “É o câmbio quem poderia salvar a safra”, afirma o especialista de açúcar e etanol da equipe de pesquisa do Rabobank Brasil, Andy Duff, em podcast divulgado em 23 de abril.
Duff relata que o preço do açúcar em Nova York está lutando para se manter acima dos 10 centavos de dólar por libra-peso, porém, na conversão para reais, a desvalorização do câmbio beneficia as sucroenergéticas brasileiras.
Desde o começo de janeiro até 18 de abril, o preço da commodity em Nova York, em dólar, caiu 22%. Em contrapartida, o valor em reais não mudou no período e continua quase igual ao preço médio de longo prazo, de R$ 1.200 por tonelada.
“É claro que, no momento, o preço internacional de açúcar está sofrendo com a volatilidade dos mercados financeiros e de petróleo. Mas vamos olhar para frente. É uma safra de maximização do mix para o açúcar e, aqui no Brasil, isso já deveria estar embutido no preço”, pontua.
Além disso, o especialista observa que há riscos específicos trazidos pela crise econômica ocasionada pela pandemia, como possíveis interrupções de operações de plantio, colheita, processamento ou logística em qualquer país relevante para o mercado de açúcar.
“Será que esses riscos já estão embutidos no preço atual? Talvez não. E, talvez, depois que baixar a poeira associada com o caos no mercado de petróleo, estes riscos podem entrar mais no radar”, diz Duff.
Com isso, o analista acredita que o preço do açúcar total recuperável (ATR) ficaria em torno dos 60 centavos por quilo. Para isso, Duff parte da premissa de que o mercado de petróleo continuará sob pressão ao longo da safra e que, no segundo semestre, as atividades econômicas e o consumo de combustíveis voltem lentamente ao normal.
Ele ainda considera que o câmbio, conforme as projeções do economista chefe do banco, terá uma valorização gradativa, terminando o ano em torno de R$ 4,60/US$ a R$ 4,70/US$. “Claro que isso é só uma visão preliminar e as incertezas hoje são inúmeras”, pondera.
Duff destaca também o fato de que uma safra mais açucareira pode ajudar a reduzir a produção de etanol. De acordo com ele, as companhias com capacidade de tancagem e liquidez financeira “confortável” podem ficar de fora do mercado por enquanto.
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Fonte: novaCana.com