A processadora de carne de frango e suína BRF S.A. disse que a cadeia produtiva já está reduzindo alojamento de animais de forma preventiva diante dos riscos de redução na produção relacionada ao impacto da covid-19, segundo o presidente global da companhia, Lorival Luz, em teleconferência com a imprensa na segunda-feira (11).
A indústria brasileira adotou medidas preventivas para evitar a disseminação da covid-19 mais cedo do que nos Estados Unidos, onde surtos do novo coronavírus provocaram fechamento de grandes processadoras de carnes, colocando o abastecimento daquele país em risco.
Luz não descartou potenciais disrupções na oferta de carnes no mercado brasileiro do futuro, mas disse que a indústria brasileira está bem posicionada para evitar o impacto que ocorreu nos EUA.
“O maior desafio será do lado da oferta e da capacidade da indústria de continuar oferecendo o produto da mesma forma”, disse Luz.
“Pode acontecer, sim, de uma contaminação acelerada crescer em alguma região, isto vai fazer com que a gente tenha que reduzir a capacidade produtiva e isto, sem dúvida nenhuma, afetará a oferta”, disse ele.
A unidade de carne de frango da BRF em Lajeado, no sul do Rio Grande do Sul, foi forçada a interromper as operações por 15 dias a partir de segunda-feira (11) por uma decisão judicial, conforme informações do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul.
Autoridades locais e promotores públicos têm monitorado processadores de carne no estado, buscando fechar termos de compromisso com as companhias ou liminares judiciais para suspender atividades em algumas unidades temporariamente para controlar surtos.
Até o momento, a BRF contratou 1.700 trabalhadores temporários adicionais para substituir funcionários afastados. Pessoas do grupo de maior risco para a doença, trabalhadores com sintomas ou confirmação da covid-19 e funcionários que tiveram contato com pessoas doentes estão sendo afastados.
Luz disse que a empresa poderia potencialmente aumentar o número de trabalhadores temporários no Brasil para 5 mil até junho a fim de garantir produção para abastecer os mercados brasileiro e global.
“Nossa prioridade é manter a capacidade produtiva. O custo para operar nessas condições tem sido maior e teremos um impacto no segundo trimestre”, disse ele em teleconferência com analistas, acrescentando que os custos adicionais não terão um impacto significativo nos resultados totais da empresa.
Apesar dos efeitos adversos da covid-19, a BRF vê oportunidades de aquisição.
A empresa anunciou na sexta-feira (08) a compra de uma planta de processamento de alimentos na Arábia Saudita por US$ 8 milhões, e investimento de US$ 7,2 milhões para expandir a capacidade de produção da fábrica de 3,6 mil toneladas para 18 mil toneladas por ano, à medida que a demanda na região aumentar. A fábrica produz hambúrgueres e cortes empanados e marinados.
Luz disse ainda que a peste suína africana continua a impulsionar a demanda da China, e os volumes da BRF para o país asiático aumentaram 89,5% no primeiro trimestre de 2020.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil