DESTAQUES DO DIA

E se os caminhoneiros pararem agora?

Imagem: Sheila Flores

Por Isabela Melo (*)

“Trabalho para que nada falte a sua família, enquanto a minha família sente a minha falta” – Motorista Autônomo

A média de idade dos caminhoneiros é de 44,8 anos e por passarem a maior parte do tempo nas estradas, eles não possuem muito tempo para fazer exames, ter uma alimentação balanceada ou até mesmo boas noites de sono e dormir as oito horas recomendadas pelos médicos. Tendo em vista esse cenário, os caminhoneiros brasileiros estão sim vulneráveis ao coronavírus (COVID-19).

Mesmo diante essa situação, eles não estão parando, pois sabem que a sociedade precisa deles para que os alimentos, medicamentos e itens básicos continuem chegando nas cidades. Os motoristas estão passando por momentos precários, pois a maioria dos restaurantes, banheiros e lanchonetes das estradas estão fechados e alguns estão se aproveitando do caso para cobrarem mais caro. Os pedágios também continuam sendo cobrados e ali circula milhões de pessoas por dia, fato que faz com que o caminhoneiro tenha que tocar no dinheiro e corra o risco de se contaminar pela cédula ou até mesmo ao tocar na mão do profissional da cabine, que também corre grandes riscos.

Estamos vendo muitos discursos pregando a união da população, mas e os caminhoneiros? Eles merecem aplausos, empatia e principalmente o respeito. É necessário que o governo e a população de modo geral lutem por melhores benefícios a esses profissionais, pois eles estão arriscando a vida para que preservemos a nossa.

E se eles pararem agora? Não vamos ter o que comprar no mercado, farmácia, os postos de gasolinas vão fechar, os hospitais vão ficar sem os materiais necessários para funcionar, como luvas, medicamentos, álcool em gel, materiais de limpeza, entre tantos outros itens que usamos no dia-a-dia. Tudo que temos em casa já passou por um caminhoneiro, já parou para pensar nisso?!

Participo de grupos no WhatsApp de motoristas, além de acompanhar muitos nas redes sociais e a frustração deles é enorme, pois não se sentem apoiados pelas pessoas, estão longe da família e muitos nem sabem quando vão voltar pra casa, porque tem medo de estar contaminado e contaminar os familiares. Você tem noção do que é ficar 26h sem se alimentar, pois não tem um restaurante aberto na estrada? Descarregar o alimento no supermercado e ser proibido de tomar um café? Sentir alguns sintomas do coronavírus e não ter um ponto de apoio para atender? Não ter um banheiro para tomar banho ou simplesmente lavar as mãos e se prevenir? Eles estão nas estradas por nós, vamos lutar daqui por eles!

Esse é o Dinão, um grande parceiro nosso e me mandou esse vídeo na noite passada:

Nós precisamos deles e eles precisam do nosso apoio. Vamos ficar em casa por eles, vamos cobrar o governo por melhores condições para os caminhoneiros e vamos nos unir.

Trabalho com comunidade e o caminhoneiro autônomo é o nosso público-alvo, com o tempo criei paixão pelo que faço e hoje defendo sim, pois já fui para a estrada e acompanho diariamente o que eles passam. Está sendo desumano as condições que estão sendo submetidos. Deixo aqui o pedido de empatia e respeito por esses profissionais.

(*) Isabela Melo é Social Media na FreteBras e apaixonada por mobilidade

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