A FS Bioenergia, maior produtora de etanol a partir de milho do Brasil, disse que é inevitável que o tombo do petróleo tenha efeito negativo sobre os preços domésticos do etanol, mas prevê que os valores não ficarão muito abaixo de níveis já vivenciados pelos produtores brasileiros e que suas margens continuarão positivas.
Rafael Abud, CEO da FS Bioenergia, afirmou ao Valor que prevê que a curva de preços de etanol deva cair R$ 0,10 por litro a mais do que já cairia diante do início da safra sucroalcooleira.
Apesar da queda de 25% nas cotações internacionais do petróleo na segunda-feira, a commodity registrou uma recuperação de 10% ontem e o câmbio segue sustentado. Além disso, cortes no preço da gasolina A (sem etanolanidro) pela Petrobras tendem a ser parcialmente absorvidos na margem das distribuidoras e revendedoras, avaliou.
Embora as usinas de etanol que usam apenas o milho como matéria-prima não tenham o mercado de açúcar como apoio em casos de abalo no mercado de combustíveis, Abud disse que o custo de produção de etanol de milho é estruturalmente menor que o de cana.
Ele acrescentou que a FS Bioenergia “tem o menor custo das usinas de milho no Brasil”. Diante da tendência de alta do milho no país, a companhia já fixou o preço “da maior parte” do grão que será processado em suas duas usinas em operação, em Lucas do Rio Verde e em Sorriso, ambas em Mato Grosso.
“Devemos ter algum ajuste em receita e margens, mas temos gordura para queimar”, assegurou. Abud afirmou ainda que a depreciação do câmbio favorece as receitas de DDG – coprodutos do processamento de milho que servem de ração com alto valor nutricional.
O executivo ressaltou que, mesmo que o etanol caia, os valores já estavam em patamares historicamente elevados e que as usinas já conviveram com preços menores para esta época do ano. O indicador Cepea/Esalq do etanolhidratado nas usinas de São Paulo da semana até 6 de março, de R$ 2,1078 o litro, está quase 20% acima da média para esta mesma época do ano nos quatro anos anteriores.
Abud avaliou ainda que a queda do etanol encontrará um “piso” dado que as usinas sucroalcooleiras voltarão suas indústrias à produção de açúcar, reduzindo a pressão da oferta no mercado de biocombustíveis. “E combustível mais barato também costuma ativar a demanda, sendo um ponto de sustentação”, acrescentou.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do clipping do SCA