Colle destacou o esforço do setor aeroagrícola pela transparência, melhoria contínua e sustentabilidade
O diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, destacou nessa quarta-feira (18), no Senado Federal, os fatores que fazem da aviação agrícola uma das ferramentas mais seguras para o trato de lavouras no País e o papel da entidade em aprimorar a eficiência e a sustentabilidade do setor, inclusive na proteção aos polinizadores. Foi durante a audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), ocorrida pela manhã na casa.
Proposta pelo senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), vice-presidente da Comissão, a reunião serviu para debater o Projeto de Lei (PL) 1918/2019, do senador Lasier Martins (Podemos/RS), que cria medidas de estímulo à pesquisa e à proteção das populações de polinizadores. Os trabalhos foram coordenados pela senadora Soraya Thronicke (PSL/MS), presidente da CRA.
Colle sublinhou o esforço do sindicato aeroagrícola em promover a aproximação da entidade com a sociedade, aprimorando a transparência e a troca de informações com órgãos reguladores. Ele reforçou ainda a articulação com instituições governamentais e entidades acadêmicas e do setor produtivo e deu ênfase à extensa regulamentação existente sobre o setor, bem como à alta tecnologia embarcada. “Tecnologia que tem a ver com eficiência. Por isso não é possível se falar em agricultura de precisão sem mencionar a aviação agrícola.”
Dividindo a mesa com representantes do Ministério da Agricultura, Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Projeto Colmeia Viva e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o diretor do Sindag destacou a importância da pluralidade do debate e agradeceu a iniciativa da audiência. “Concordamos com o objetivo prover ações voltadas estudo e proteção aos polinizadores. Quereremos que o Brasil seja cada vez mais referência na produção sustentável ambientalmente”, concluiu.
APRESENTAÇÕES
“Requeri a audiência por ser o relator desta matéria”, explicou o senador Heinze. “Temos de desmistificar esse processo”, completou, reforçando a importância das informações repassadas pelos convidados. “Precisamos preservar, sim, nosso meio ambiente, nossas abelhas, mas também o agricultor e a produção rural, o carro chefe do nosso país e que já enfrenta tantos problemas.”
“Em consequência da elevada mortandade de abelhas no Brasil, eu sugeri um projeto no sentido de se pesquisar as causas e proteger as abelhas como polinizadores,” ressaltou o senador Lasier Martins, que também acompanhou a audiência. O projeto tem como finalidade incluir entre os princípios do Código Florestal e da Política Nacional do Meio Ambiente a preservação não só de abelhas e outros insetos, mas também aves, morcegos e outros polinizadores.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
O coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Ramos Venâncio, falou sobre processo de regulamentação dos defensivos e como são feitas as avaliações dos produtos (por funcionários de carreira, para garantir estabilidade da equipe técnica). “É uma atividade de Estado, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, destacou.
“Nas Américas, o nível regulatório existente no Brasil é alcançado apenas por Estados Unidos e Canadá, no comparativo de níveis em nas Américas”, explicou Venâncio, lembrando que o Mapa destacou mais sete auditores fiscais federais agropecuários para o Setor de Registros da Instituição. Sobe a seriedade do trabalho, ele ainda lembrou que 90 a 95% dos últimos registros concedido foram de produtos genéricos, com base em uma regulamentação de segurança estabelecida há 15 anos.
Além disso, segundo o coordenador do Mapa, há uma tendência clara de registro de produtos de baixa toxicidade. “No entendimento do mapa, quanto mais rápido for o registro, mas rápido os produtores têm acesso a moléculas menos tóxicas e mais rápido se consegue retirar do mercado produtos ultrapassados.”
EMBRAPA
Representando a Embrapa, o pesquisador Decio Luiz Gazzoni destacou a importância dos insetos polinizadores não só na agricultura, mas também para preservação da vegetação nativa. “Cerca de 60% das espécies cultivadas no mundo não dependem de polinização, mas podem ser beneficiadas por ela, enquanto 35% são dependentes de insetos polinizadores”, explicou o agrônomo, que é mestre em Entomologia. Os 5% restantes na conta não possuem informações definitivas.
O cientista enfatizou que a comunicação entre aplicadores, produtores e apicultores é essencial para a preservação dos insetos e lembrou que o próprio manejo dos produtores pode colocar em risco os insetos. Por isso, reforçou uma série de propostas da Embrapa para defensa da apicultura no País. Entre elas, uma legislação contra a entrada no País de material genético exótico. Como exemplo, ele citou a tentativa de apicultores de importarem abelhas europeias. “A regra vale também para espécie já introduzidas, como a apis melífera.
O pesquisador da Embrapa lembra que os cuidados valem também para o transporte de abelhas de uma região para outra dentro do País. “A análise de critérios para a introdução de material genético exótico deveria seguir o mesmo padrão de análises de pesticidas”, resumiu. Gazzoni ressaltou que a estimativa é de que existam no País cerca de 2 milhões de caixas de abelhas de apicultores, o que, em uma conta arredondada, significa em torno de 2 bilhões de insetos.
CNA e COLMEIA VIVA
O coordenador de Projetos do Grupo Técnico de Fitossanidade da CNA, Tom Prado, apresentou um exemplo de boa convivência entre produção agrícola e apicultura do Ceará, onde uma fazenda de melões utiliza os polinizadores ao mesmo tempo para aumentar a produção de frutas e ainda produzir mel comercialmente. Isso adaptando manejo e boas práticas no controle de pragas. “Se faltar abelha, não tem produção. É 100% dependente”, afirmou.
Sobre o Colmeia Viva, o veterinário Daniel Espanholeto – que representou também o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), onde é especialista em Uso Correto e Seguro de produtos – falou sobre as ações do projeto na disseminação de boas práticas, pesquisas em campo e ação multiplicadora para a boa convivência entre aplicadores, produtores e apicultores.
Espanholeto destacou as pequisas do Colmeia Viva, que apontaram relatos de mortandade apenas na espécie exótica, Apis melífera (abelha-europeia), que é criada comercialmente para produção de mel. “Não há relatos de mortandade em abelhas criadas para polinização, até porque nesse tipo de manejo, já pressupõe a existência de boas práticas em ambos os lados. E, no caso das abelhas silvestres, elas normalmente ficam em áreas de proteção, que devem ser evitadas (por exigência da própria legislação) em casos de pulverização tanto aéreas quanto terrestres.
Sobre os casos de mortandade, ele lembrou que, além de situações de más práticas na convivência entre agricultores e apicultores, há também situações de problemas de manejo, com doenças ou deficiências no trato dos insetos. Espanholeto destacou também ações do colmeia viva, como o aplicativo lançado pelo programa para localização de colmeias e comunicação entre produtores e apicultores.
Fonte: Sindag