PEQUIM (Reuters) – A China está pronta para usar terras raras como retaliação em uma guerra comercial com os Estados Unidos, alertaram jornais chineses nesta quarta-feira em comentários com palavras fortes sobre uma medida que deve aumentar as tensões entre as duas maiores economias do mundo.
A visita do presidente chinês, Xi Jinping, a uma instalação de terras raras na semana passada provocou especulações de que a China iria usar sua posição dominante como exportadora de terras raras para os EUA como arma em sua guerra comercial.
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos usados em tudo, desde eletrônicos de alta tecnologia até equipamentos militares. A perspectiva de que seu valor pudesse subir como resultado da guerra comercial causava uma elevação acentuada das ações de produtores, incluindo a empresa visitada por Xi.
Embora a China até agora não tenha explicitamente dito que vai restringir as vendas de terras raras aos EUA, a mídia chinesa deu sinais fortes de que isso acontecerá.
Em um comentário intitulado “Estados Unidos, não subestimem a capacidade chinesa de contra-atacar”, o jornal Diário do Povo salientou a “desconfortável” dependência dos EUA das terras raras da China.
“As terras raras se tornarão uma arma para a China reagir contra a pressão que os Estados Unidos colocaram sem nenhuma razão? A resposta não é um mistério”, afirmou.
“Sem dúvida, o lado norte-americano quer usar os produtos fabricados pelas terras raras exportadas da China para conter e reprimir o desenvolvimento da China. O povo chinês nunca aceitará isso!”, acrescentou o jornal do Partido Comunista da China.
“Nós aconselhamos o lado norte-americano a não subestimar a capacidade do lado chinês de salvaguardar seus direitos e interesses de desenvolvimento. Não diga que não avisamos vocês!”
A expressão “não diga que não avisamos” é geralmente só usada pela mídia oficial chinesa para avisar os rivais sobre grandes áreas de desacordo, por exemplo, durante uma disputa de fronteira com a Índia em 2017 e em 1978 antes de a China invadir o Vietnã.
(Por Ben Blanchard, Michael Martina e Tom Daly)
Fonte: Reuters