SÃO PAULO (Reuters) – A safra de cana-de-açúcar 2018/19 no centro-sul do Brasil, principal polo canavieiro do mundo, terminou em março com tombo de 26,5 por cento na produção do adoçante, salto de quase 20 por cento na de etanol e sinalizações de atividades prejudicadas pela chuva neste início de novo ciclo.
De acordo com o balanço final divulgado nesta terça-feira pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), as usinas e destilarias do centro-sul produziram 26,5 milhões de toneladas de açúcar em 2018/19, versus 36 milhões na temporada anterior.
Já a de etanol cresceu 18,6 por cento, para um recorde de 30,9 bilhões de litros, sendo 9,1 bilhões de anidro e 21,8 bilhões de hidratado.
Os volumes levam em conta uma alocação de 64,80 por cento da oferta de cana para a produção de etanol, bem acima dos 53,5 por cento de 2017/19. Isso reflete o interesse do setor sucroenergético pelo biocombustível em um ano marcado por forte demanda por álcool e preços enfraquecidos do açúcar no mercado internacional.
Com efeito, as usinas da região comercializaram um total de cerca de 31 bilhões de litros de etanol em 2018/19, entre anidro e hidratado e mercados externo e interno, alta de 17,5 por cento na comparação anual.
Dessa forma, a balança comercial de etanol na safra 2018/19 apresentou exportação líquida de 287 milhões de litros, com um saldo positivo na geração de divisas de 304 milhões de dólares, disse a Unica, citando dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O diretor técnico da associação, Antonio de Padua Rodrigues, afirmou que geralmente as vendas de hidratado diminuem na entressafra (janeiro a março), com uma demora de várias semanas até a retomada da demanda após o início da moagem em abril.
Mas ele ressaltou que as vendas aquecidas nos últimos meses mostram uma tendência diferente na próxima temporada.
“Devemos trabalhar com um mercado aquecido desde a primeira semana da safra 2019/20”, disse, em nota.
A Unica destacou ainda que a produção de etanol de milho em 2018/19 aumentou 50 por cento, para 791,4 milhões de litros.
Ao todo, 267 plantas produtoras operaram na temporada passada, com moagem de 573,1 milhões de toneladas de cana, queda de 3,9 por cento.
CHUVAS
As precipitações no mês passado atrapalharam as atividades das usinas no centro-sul. Até o fim de março, 81 unidades estavam em operação, ante 82 há um ano.
Apesar de a quantidade ser semelhante, a moagem recuou quase 10 por cento na segunda quinzena de março, para 7 milhões de toneladas, enquanto a produção de açúcar e etanol caiu respectivamente 17,4 por cento e 10,8 por cento, para 137 mil toneladas e 380 milhões de litros.
Embora os dados da quinzena sejam computados dentro da safra 2018/19, já dão uma importante sinalização sobre o ritmo das atividades do novo ciclo 2019/20.
“As chuvas observadas nas últimas semanas comprometeram a operacionalização da colheita, mas devem permitir um melhor desenvolvimento do canavial que será colhido nos dois terços finais de safra”, afirmou Rodrigues.
A expectativa da Unica é de que até o final da primeira quinzena de abril 176 usinas estejam em operação no centro-sul.
(Por José Roberto Gomes)
Fonte: Reuters