Em pomares em produção, a pulverização de borda de talhão, ou seja, apenas das plantas da periferia do talhão, não é eficiente para controlar o greening (huanglongbing/HLB). Nos talhões da divisa da propriedade, as pulverizações devem ser feitas semanalmente em uma faixa de borda de pelo menos 100 m para que 95% dos psilídeos sejam atingidos e 75% das infecções pela doença sejam evitadas. Estas conclusões vêm de uma pesquisa realizada pelo engenheiro agrônomo Fabiano Parra Asato no Mestrado Profissional em Controle de Doenças e Pragas dos Citros – MasterCitrus, do Fundecitrus.
Orientador do projeto, o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi conta que, para reduzir os custos das aplicações frequentes nos talhões de borda, alguns citricultores têm alternado pulverizações em todas as plantas do talhão com pulverizações apenas das plantas da periferia do talhão, sem adentrar seu interior. “No entanto, concluiu-se que pulverizações de borda de talhões de divisa da propriedade possuem alcance muito limitado, são desuniformes e têm pouca eficiência em evitar contaminação de novas plantas em todo o talhão”, afirma.
O objetivo do estudo foi avaliar a qualidade da pulverização de borda de talhão e sua eficiência em controlar o greening em talhões com plantas em produção localizados na divisa da propriedade, que são os mais expostos aos psilídeos vindos de áreas externas sem controle da doença.
Qualidade e eficiência
Um primeiro experimento foi feito para avaliar a qualidade da pulverização de borda de talhões medindo-se o alcance da calda, a cobertura e a homogeneidade da cobertura nas plantas em diferentes distâncias a partir da borda do talhão. Dois talhões de laranjeira Valência com plantas de 15 m³ e 34 m³ de copa, com 2 m e 2,5 m de altura, respectivamente, foram pulverizados em dois sentidos, paralelo e perpendicular à linha de plantio.
Observou-se que, em todas as pulverizações de borda testadas, a calda atingiu até 45 m da periferia do talhão, no entanto a cobertura decresceu drasticamente a partir da primeira planta da borda: coberturas acima de 30% foram observadas somente nas plantas da periferia e acima de 10% em plantas localizadas a no máximo 14 m da borda do talhão. Na pulverização paralela, a cobertura foi bem desuniforme, sendo maior na face da planta que recebeu diretamente a pulverização (acima de 30%) e menor na face oposta (abaixo de 10%).
Um segundo experimento avaliou a eficiência da pulverização quinzenal de borda de talhão sobre a população de psilídeos capturados em armadilhas adesivas amarelas e no surgimento de novas plantas com greening em talhões localizados na divisa da propriedade. Para isso, um dos talhões recebeu pulverizações mensais de inseticidas na área total do talhão mais pulverização de borda do talhão a cada 14 dias, e o outro talhão recebeu apenas as pulverizações mensais em área total.
Como resultado, após três anos de avaliação, a pulverização de borda de talhão reduziu em cerca de 45% a incidência de greening apenas nas plantas localizadas na periferia, mas não foi suficiente para reduzir o surgimento de novas plantas doentes no restante do talhão, resultando em igual quantidade de plantas doentes nos dois tratamentos. “A pulverização de borda apresentou boa qualidade somente para as duas primeiras plantas do talhão, porém mais de 30% dos psilídeos foram capturados além desses primeiros metros”, explica Bassanezi. “Isso evidencia que a pulverização dos talhões de borda não deve ser feita apenas nas plantas periféricas para evitar novas infecções”, completa.
Ambos os experimentos realizaram pulverizações com dois equipamentos, turboatomizador de arrasto e canhão acoplado, mas não se verificou diferença entre eles.
Faixas de 100 m
Em plantios novos, estão sendo criados talhões de borda com no mínimo 100 m a partir da divisa da propriedade, preferencialmente com plantio paralelo, para aumentar a eficiência de controle e facilitar a operação das pulverizações semanais recomendadas. O plantio paralelo diminui o número de manobras pelo pulverizador e reduz a penetração de psilídeos no pomar porque as plantas funcionam como barreiras para o inseto.
Fonte: Fundecitreus