As perspectivas de crescimento da produção nos EUA e no Brasil abriram um alçapão sob as cotações do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) na bolsa de Nova York em janeiro.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que, em relação a dezembro, a queda do mês passado chegou a 10,3%. Na comparação com a média de janeiro de 2018, a retração foi de 15,3%.
A curva descendente, que ganhou força em julho do ano passado, tem sido determinada sobretudo pela expectativa de recuperação expressiva da safra de laranja da Flórida na temporada 2018/19, que nos EUA começou em outubro e terminará em setembro próximo.
As estimativas atuais apontam que a colheita no Estado americano, que reúne o segundo maior parque citrícola do mundo, chegará a 77 milhões de caixas de 40,8 quilos, 71% mais que em 2017/18, quando a safra foi bastante prejudicada por problemas climáticos.
Apesar do peso da Flórida na formação de preços em Nova York, os sinais de avanço no polo formado por São Paulo e Minas Gerais, que lidera a produção global de laranja, também já colaboram para manter as cotações deprimidas.
Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a colheita caiu cerca de 30% e ficou em 275 milhões de caixas no ciclo 2018/19, que chegará ao fim em junho. Mas, entre produtores e indústrias de suco, já é consenso que haverá incremento em 2019/20.
Os percentuais de aumento previstos ainda variam muito, até porque há incertezas climáticas no horizonte. Mas, em tempos de demanda global fraca, um copo de suco a mais já é o suficiente para manter os preços retraídos.
Com a queda da produção em 2018/19, os estoques de suco brasileiro nas mãos das principais indústrias exportadoras (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company) voltaram a encolher.
Nos cálculos da CitrusBR, entidade que representa os exportadores, o volume deverá ficar em 146,7 mil toneladas no fim da temporada (30 de junho), ante as 342 mil registradas ao término da safra 2018/19. Essa queda, segundo fontes do segmento, poderá oferecer algum alento às cotações no segundo semestre.
Outra “soft commodity” cujos contratos de segunda posição de entrega também registraram queda do valor médio mensal em janeiro foi o algodão. Segundo o Valor Data, em relação a dezembro a retração foi de 4,6% e na comparação com janeiro do ano passado chegou a 7,7%.
Ocorre que com a melhora dos preços no ano passado, em razão de um aquecimento da demanda global liderado pela China, a oferta cresceu em diversos países, inclusive no Brasil, um dos principais exportadores, o que passou a pressionar o mercado.
Para café e açúcar – que, como o suco de laranja, têm o Brasil como principal país exportador -, janeiro foi de pequenas altas em Nova York, incapazes de mudar para melhor o humor de seus produtores ou dirimir suas preocupações.
Sob influência brasileira, mas também de outros países, as ofertas desses produtos continuam a ser consideradas confortáveis por analistas e têm pesado como uma bigorna sobre as cotações.
O açúcar encerrou janeiro com média 1,3% superior a de dezembro, mas 9% menor que a de janeiro de 2018. Nos últimos meses os preços têm oscilado entre 11 e 13 centavos de dólar, sem força para romper essa barreira e muito longe dos 20 centavos do início de 2017. O cenário não é muito diferente no mercado de café arábica.
Na bolsa de Chicago, soja e milho encerraram janeiro com leves altas – 1% e 0,5% – em seus preços médios em relação a dezembro. Os dois mercados continuam a ser influenciados pelas incertezas derivadas das disputas entre EUA e China.
Fonte: Citrus BR