A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2019 deve chegar a 230,7 milhões de toneladas. Isso representa 4,2 milhões de toneladas a mais que a colheita do ano passado, uma alta de 1,9% no período. É o que aponta Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se confirmada a projeção, será a segunda maior safra da série histórica do LSPA, iniciada em 1975. A maior colheita brasileira até então foi a de 2017, quando a produção agrícola no Brasil chegou a 238,4 milhões de toneladas.
A produção está distribuída da seguinte forma:
- Centro-Oeste (101 milhões de toneladas) – 44,2%
- Sul (77,5 milhões de toneladas) – 33,6%
- Sudeste (23,1 milhões de toneladas) – 10%
- Nordeste (18,9 milhões de toneladas) – 8,2%
- Norte (9,3 milhões de toneladas) – 4%
De acordo com o gerente da pesquisa, Carlos Alfredo Guedes, o aumento da projeção se deve à expectativa da colheita de milho, que deve ser plantado mais cedo este ano. A área plantada de milho deve ser 3,6% maior que a do ano passado, elevando a produção em 9,9%.
“A soja foi plantada mais cedo ano passado, com isso teremos um período maior da chamada janela de plantio para o milho 2ª safra. Isso possibilita menor risco para o desenvolvimento das lavouras”, explicou o pesquisador.
A projeção da safra, embora com crescimento na comparação com o que foi efetivamente colhido em 2018, caiu 1,2% em relação ao 3º prognóstico, divulgado em janeiro pelo IBGE. Segundo Guedes, essa queda se deve à menor produção de soja, impactada negativamente pela falta de chuva nas regiões produtoras
“A produção de soja caiu em aproximadamente 4 milhões de toneladas por causa dos problemas climáticos, sobretudo no Paraná e no Rio Grande do Sul. O Paraná, inclusive, deixou de ser o segundo estado mais produtor de soja do país, com o Rio Grande do Sul assumindo o seu lugar”, destacou o gerente da pesquisa.
Enquanto a área do milho teve crescimento de 3,6% em relação a 2018, a de soja aumentou em 2% e a de arroz caiu 6,6%. Já na produção, enquanto o milho tende a ter aumento de 9,9% de sua colheita, soja e arroz devem ter quedas de, respectivamente, 2,6% e 5%.
Também devem registrar queda as lavouras de feijão (-1,5%) e café (-10,8%). “As condições climáticas devem ser menos favoráveis à soja, ao arroz e ao feijão neste ano. Já o café está na fase em que chamamos de ciclo bienal negativo, comum na cafeicultura brasileira. Ou seja, em um ano a produção está em alta, no ano seguinte, em baixa”, esclarece o gerente do levantamento.
O pesquisador chamou a atenção para o fato de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, já mostra o impacto da diminuição da safra de feijão. O preço médio do feijão carioca teve alta de 19,76% na passagem de dezembro para janeiro.
As principais quedas na safra de feijão aconteceram no Paraná, cuja estimativa de produção caiu 12,4%, e em Minas Gerais, que reduziu em 18,1% sua expectativa de colheita. Enquanto no estado do Sul a queda na produção do feijão é puxada pelas condições climáticas, devido ao forte calor e escassez de chuva, os produtores mineiros investiram pouco na produção devido aos preços pouco vantajosos na época de plantio.
Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, com participação de 26%, seguido pelo Paraná (16%) e Rio Grande do Sul (14,8%). Somados, esses três estados representaram 56,8% do total nacional.
Fonte: G1